Mary Ferreira,
é doutora em Sociologia, professora e pesquisadora e candidata
a deputada Federal na Chapa Lula Presidente
Quando se fala em política e poder em geral associamos aos homens, a elite e aos brancos. Aparentemente as mulheres, os negros e os pobres não fazem política. Essa visão está em geral associada a ausência destes segmentos nos espaços decisórios, fato naturalizado ao longo da construção da história brasileira.
Mas, as pesquisadoras tem demonstrado que na construção da República no Brasil e de todo o processo democrático foram as mulheres, os negros, os indígenas e os pobres que estiveram nas trincheiras das lutas contra a escravidão, na luta pela independência do Brasil, nas lutas pela redemocratização do País, na luta contra o golpe de 1964, na ascensão das esquerdas que elegeram Lula e Dilma 2003-2016 e na luta contra o Golpe de 2016. São esses segmentos que resistiram nos tempos de Bolsonaro.
Nossa luta por direitos, igualdade e liberdade vem de longe! A presença das mulheres na construção da república em 1889, invisível nos livros de história, somente passaram a ser desvendado bem recentemente quando os fatos reais vieram à tona, mostrando a presença de vários sujeitos políticos entre os quais os movimentos sufragistas que datam deste o início do Século XIX, estimulados pelos ecos da Revolução Francesa que se espraia pelo mundo, na qual as mulheres tiveram forte presença ao ousar propor uma Declaração dos Homens e das Mulheres.
A luta das brasileiras pelo direito à cidadania, pelo direito ao voto foi marcado por muitas passeatas, por prisões, greves de fome que denotam a luta das nossas sufragistas durante todo o Século XIX e início do Século XX. A conquista do voto em 1932, porém, não alterou vida das mulheres, especialmente das mulheres negras e pobres que recém libertas das senzalas, lutavam por moradia, educação, existência.
Ao analisar a presença de mulheres no Congresso Nacional observa-se que na primeira eleição em que as mulheres foram recrutadas para votar e ser votada, elegeu-se somente uma mulher: Carlota Pereira de Queiroz, da elite paulista, é autora do primeiro projeto de alistamento das mulheres no exército brasileiro, buscando assim romper as amarras do patriarcado. Mas, a lentidão do reconhecimento das brasileiras na política se traduz nos números expressos que ilustramos esse texto. Nos últimos trinta anos foram eleitas apenas 257 mulheres contra 2.831 homens o que denota a incompletude da democracia brasileira.
Os dados retratam que as brasileiras ainda não conseguiram superar as barreiras que as mantêm subordinadas aos espaços do privado. Apenas 77 mulheres foram eleitas em 2018, em uma eleição polarizada e acirrada, em que as mulheres se levantaram contra os conservadorismos que prenunciavam tempos sombrios. Ao analisar os números, observa-se que houve um pequeno aumento em 25 anos, porém, quando comparados a outros países da América Latina, percebe-se que o Brasil é o país com a menor representação deste continente. E no Maranhão, como podemos discutir e refletir sobre o cenário na política? Na última eleição não foi eleita nenhuma mulher para a Câmara Federal A que se deve esta situação? Não está na hora de se eleger mulheres para Câmara Federal? Sim! Afinal somos a maioria do eleitorado maranhense. Mas, vamos eleger mulheres com capacidade de discutir as questões da violência, do feminicídio, da pobreza que atinge mais as mulheres. Vamos eleger mulheres que compreenda a dimensão do ser mulher em uma sociedade patriarcal.
As mulheres precisa dominar seu espaço na política para que tenhamos uma política mais séria honesta e humana como tudo que as mulheres fazem. Mulheres e homens com igualdade de direitos e oportunidades fazem o mundo melhor
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