11/04/2022

PADRE OSVALDO, 35 ANOS DE SACERDÓCIO

Washington Luiz Maciel Cantanhêde

Neste dia, em 1987, há exatos 35 anos portanto, nosso conterrâneo Osvaldo Marinho Fernandes era sagrado sacerdote da Igreja Católica em ordenação realizada no auditório do Colégio Marista, então situado na Rua Oswaldo Cruz, em São Luís-Maranhão.

Eu estava lá. Tive a honra de por ele ser escolhido para dar testemunho, publicamente, da sua vida reta e da sua vocação autêntica perante o Arcebispo de São Luís, D. Paulo Ponte, que em seguida o ordenaria presbítero, juntamente com outros diáconos.

A desincumbência daquela missão me deixava um tanto inibido, universitário de 24 anos de idade ainda incompletos, em momento tão intenso e solene. Mas a certeza de que outrem também se desincumbiria de igual mister, com inegável maestria e mais desenvoltura, foi o que me tranquilizou. 

É que igualmente testemunharia uma antiga mentora nossa, a bem formada, progressista e experiente freira cearense Francisca Iracy Rocha, que, de Pernambuco ou da Bahia, Padre Sergio Ielmetti, pároco de Vitória do Mearim, mercê dos seus magníficos contatos e laços com setores da Igreja progressista no Brasil (como, obviamente, na Itália, donde era natural), trouxera para atuar como formadora da doutrina cristã e professora do Instituto Nossa Senhora de Nazaré na segunda metade dos anos 1970. Dela recebemos, nós e outros adolescentes e jovens vitorienses da época, crescendo como cidadãos dentro da Igreja Católica, ensinamentos para sempre úteis, auferidos naquelas duas vertentes em que atuava a Irmã Iracy. 

Num dia seguinte a 11 de abril de 1987, Padre Osvaldo celebrou sua primeira missa na igreja matriz da Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré de Vitória do Mearim, Padre Sergio presente. Eu também estava lá na missa inaugural do sacerdócio do meu amigo, assim como estaria na confraternização do novel sacerdote com nossa comunidade de origem, que se seguiu, realizada na área de convivência do Centro Social da Paróquia, em que fora transformada por Padre Sergio a antiga casa paroquial, do seu antecessor Eliud Nunes Arouche e, por pouco tempo, dele mesmo, e onde já funcionava, há pouco mais de dez anos – primeiramente, de forma parcial; e, sem demora, integralmente – o Instituto Nossa Senhora de Nazaré. 

Uma das fotos que ilustra este texto registra momento da confraternização, eu e Padre Osvaldo ladeando nossa antiga mestra Iracy Rocha, de cuja trajetória posterior, infelizmente, não tive mais notícia senão quando Padre Sergio voltou de um dos seus encontros periódicos com outros sacerdotes europeus atuando no Brasil, que então se realizava na Bahia, onde ela estava, vinculada que ficou por muitos anos à sua missão em Vitória da Conquista, anjo benfazejo que foi, tendo passado pela vida de tantos cristãos, de todas as idades, guiando-os para o caminho do Bem.

Osvaldo Marinho Fernandes, cujo sobrenome composto, embora seja ele de humilde origem, evoca duas das mais importantes famílias colonizadoras da Ribeira do Mearim, os Marinho e os Fernandes, era, quando recebeu ordem de presbítero, um vitoriense quebrando um jejum social, pois o último vitoriense que se tornara sacerdote da Igreja Católica tinha sido o padre Flávio de Sousa Barros, em 1954, antecedido, vinte anos antes, pelo padre Arthur Macário Lopes Gonçalves – expressões de uma tradição de filhos da Ribeira do Mearim e, especialmente, de Vitória do Mearim, que optam pela vida eclesiástica, cujos albores fincam raízes no princípio do século 18.

Meu amigo Osvaldo, com quem eu convivera na Igreja, nos memoráveis bancos escolares do Instituto Nossa Senhora de Nazaré e nos primeiros tempos da difícil luta pelo crescimento na vida em sociedade, enfrentando e vencendo os obstáculos que a Capital nos antepunha naqueles tempos bicudos do final da década de 1970 e começo da de 1980, transformava-se, assim, no terceiro padre vitoriense do século 20 – "safra" modesta, fruto de uma retenção de vocações que se fez sentir ainda por vários anos na sequência, felizmente em fase de superação do final do século passado para o século atual.  

A carreira do meu amigo, desde então, para ser bem e fielmente narrada, vencedor de muitas lutas e vítima de alguns infortúnios, sempre querendo realizar aquilo que nos ensinaram, desde a catequese e os bancos escolares – que cada cristão tem que ser fermento na massa –, não cabe nesta página. É digna, na verdade, de uma bela biografia em livro ou de um instigante romance histórico. 

Por enquanto, apresento-lhe felicitações pela trajetória até aqui, bem como votos de saúde e completo bem-estar em sua caminhada seguinte, seguro de que a fé que abraçou o levará, já sessentão que é, sempre pelos caminhos retos do Senhor, até o alcance dos seus mais acalentados objetivos.


Parabéns, meu amigo Padre Osvaldo!

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