É verdade que, pelo menos no primeiro momento, não causou um terremoto político capaz de desarmar outras pré-candidaturas, mas não há como negar que a entrada do advogado Felipe Camarão (PT), atual secretário de Estado de Educação e nome de proa do núcleo duro da equipe do governador Flávio Dino (PSB), estremeceu o campo minado e agitado em que se dá a disputa pelo Palácio dos Leões. O estremecimento ganhou intensidade no sábado, em Pedreiras, onde, em uma escala da caravana do PT, acompanhado de destacadas lideranças do partido, como o deputado estadual Zé Inácio, vice-líder do Governo na Assembleia Legislativa, mandou o seguinte recado: “Eu quero ser o governador do Maranhão. Eu quero ser o governador do Maranhão, do PT, do presidente Lula e dos Josés, Marias, e de todos os cidadãos maranhenses”. Se abraçado pelo PT, como ele acredita que será, o projeto de candidatura de Felipe Camarão terá impacto decisivo nas pré-candidaturas do senador Weverton Rocha (PDT) e do vice-governador Carlos Brandão (PSDB), que trabalham duro para atrair o apoio petista e, na esteira dele, de dobradinha com o ex-presidente Lula da Silva (PT) no Maranhão.
Todas avaliações feitas sem paixão partidária sobre o “fator PT” no Maranhão levam invariavelmente à conclusão de que o candidato que vier a ter o apoio desse partido sairá no lucro alto. Primeiro porque, mesmo que seu desempenho no estado seja muito modesto, o seu gigantismo nacional do PT garante ao braço maranhense vantagens importantes, como, por exemplo, boa fatia de tempo para campanha no rádio e na TV. Mas o que pesa mesmo é uma dobradinha no estado com o presidente Lula da Silva como candidato que vier a ter o seu apoio. E se esse candidato for também brindado com o aval do governador Flávio Dino, terá força política e eleitoral para chegar ao segundo turno e brigar pelo Palácio dos Leões no ano que vem.
Se vier a ter sua candidatura confirmada pelo PT, Felipe Camarão entrará no jogo com tudo o que a legenda dispõe, podendo também ganhar o suporte do governado Flávio Dino que, vale destacar, ainda não se manifestou em relação ao movimento do seu secretário der Educação. O tempo de rádio e TV será crucial para sua campanha e o apoio do presidente Lula da Silva pode ser decisivo para alavancar sua candidatura. É essa equação que está levando o senador Weverton Rocha a investir tão forte para ganhar o apoio do PT e do seu líder maior. E mesmo faz o vice-governador Carlos Brandão, estimulado pela aliança do PT com o governador Flávio Dino. A movimentação de ambos nessa direção passa a impressão de que sem o apoio do PT e do ex-presidente Lula suas candidaturas enfrentarão dificuldades.
Felipe Camarão entra no jogo na hora certa, faltando exatamente um ano para a eleição. É jovem, tem boa imagem, tem credibilidade como gestor e comanda o maior programa de educação de base em curso no País, formado projetos avançados como Escola Digna, Escola de Tempo Integral e Iemas, dando também suporte ao ensino universitário, com a consolidação da Uema Sul. Aos 39 anos, é um dos quadros mais destacados da sua geração no serviço público, com desempenho acima da média nas funções que exerceu, a exemplo da Secretaria de Estado da Educação. Sempre teve um pé na política, tendo sido, por exemplo, lembrado para disputar a Prefeitura de São Luís em 2020. E desembarcou de vez nessa seara meses atrás dando uma tacada certeira ao se filiar ao PT motivado pelo projeto de disputar uma cadeira na Câmara Federal. Agora dá uma guinada radical ao se lançar pré-candidato ao Governo do Estado.
Recebida por muitos com surpresa e por outros nem tanto, sua entrada na corrida ao Palácio dos Leões acendeu luz amarela para Weverton Rocha e Carlos Brandão, e uma luz quase vermelha para o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr., que vê ganhar forma um forte candidato ao posto de “Terceira Via”. Pode ser que o seu projeto de candidatura majoritária não prospere, mas a impressão que está causando nesse primeiro momento é o de que tem rumo e pode decolar.
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